Thursday, September 20, 2007

Tuesday, September 18, 2007

a falta

Sinto a tua falta...
Se pudesses imaginar quanto...
Esse teu tacto, esse teu cheiro, esse teu sorriso.
Teu empenho em sermos só um,
E teus caprichos impertinentes porém cativantes.
Tuas carícias em silêncio...

Se ao menos ainda soubesse que existes...

Friday, September 14, 2007

soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Morais

Monday, September 10, 2007

"Labirinto ou não foi nada"... ou apenas mais um desencontro.

Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua. . .
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão Ferreira

Tuesday, August 21, 2007

são as asas que ainda guardo

Podemos até fingir que nos confundimos,
Supor que nos enfastiámos.
Murmurar estranhas contradições...
Descer mudos da montanha enquanto baixas teus olhos.

Posso até esgueirar-me para longe,
Fazer-te esquecer tudo quanto precisávamos de saber.
Posso até procurar outras casas onde me perder,
Embrenhando-me em corredores que ninguém conhece.

Posso ousar tecer silêncios,
Respirar só com a água da chuva...
Ferir a solidez das pedras, ousando unir o mar.
Caminhar por dentro, respirando para além de nós.

E até teimar perder-te...
Rastejar pelo ruído dos dias
Negando que são duas as vezes que é preciso amar.
Permitir que o coração de novo se encha de formigas...

Posso desmentir esta passagem...
Bastando-me saber que inebrias com uma qualquer aragem um qualquer destino,
Mas perduram-me pressentimentos, a certeza de ti
E tudo o que é estranho quando sinto a tua falta.

Dos tempos em que fui pássaro
São as asas que ainda guardo...


.nlb
20.VIII.2007
20 de Agosto de 2007

no jardim dos aromas

Eu e tu no jardim dos aromas. Sentimo-nos,florescemo-nos.
Inebriamo-nos de tudo o que é imenso...Enchemo-nos de estio.
Eu e tu no jardim dos aromas pecamos a cada suspiro...a cada permuta.
E desabrochamos.


nlb.
16.VIII.07

trago o teu olhar comigo

Trago o teu olhar comigo,
Enquanto embevecido vou descobrindo cada secreto murmúrio do teu mistério.
Encetámos uma secreta viagem pelos séculos que quase não cabem em noites,
Onde anseio pintar de sonhos cada um dos lugares da tua eternidade.

Mas eis que por fim te vês perecer para finalmente renascer.
Deixas de saber as tuas velhas memórias e permites-te inundar de firmamento,
Transfiguras-te, deixando-te enredar num esplendoroso aluvião de coisas imortais.

Caíste no extasiante vício das insónias em que se aposta tudo...
Em que te deixas acariciar pela rebelião interior que teima em assaltar-te, fingindo não a ouvir.
O que mais receaste vai-se adensando enquanto pestanejas tentando ver mais claro...
Não o sabes, mas as soberanas ondas da ventura conspiram a teu favor.

Uma ditosa e obscena brisa fresca pode ter-te aquecido,
Naqueles recortados promontórios de mágicos cruzamentos de onde observavas o mar das coisas felizes.
Sentindo-as tão longe, não o sabendo tão perto...

Tantas são as evidências de que foi a ti que eu procurei e desejei para meu templo,
Para meu caminho com escala em todos os infindáveis actos de significado.
Tão emergente é a convicção de que foi para ti que sonhei ser fonte de vida,
Por ti quis aprender como ser esperança.

E esta noite, quando nos deixarmos banhar pelas Perseidas que nos visitarão,
Sentirei uma vez mais que nos embrenhámos num labirinto feito de flores de sonhos...
Estarás lá comigo?


.nlb
12.VIII.2007

regresso à terra das coisas indizíveis

Se de ti me aproximo
É como se o mundo não mais tivesse fim,
Como fui capaz de chegar aqui onde me perdi,
Como se abismaram todos estes precipícios?

Quando te seguro é como se agarrasse o infinito,
Se te tenho é como se aprisionasse em minhas mãos um punhado de areia...
Ao tocar-te é como se desvendasse o segredo de todo o universo,
A audaz glória de todos os tempos.

Não fosse a memória tão exiguamente pequena
Para reter todos os teus pedaços de eternidade,
Pudesse a razão ter palavras para contar esta história indizível...
Desbravar-se-iam inauditas vastidões de carinhos e afectos!

Desmoronar-se-iam todas as barreiras que nos separam...
Reduzir-se-iam à sua real insignificância as mesquinhas léguas que nos apartam!
E todos os demais se enrubesceriam na hora de entoar paixões!


nlb 01.01.06

Monday, May 07, 2007

Re: Há surpresas e surpresas

Ele, a 07/05/2007 18:21:

Também gosto de achar que ainda posso surpreender... De resto, surpreendo-me a cada momento quando o faço... Será algum tipo de egoísmo encapotado?

Não sei... Mas julgo que também não importa... o que importa é sentirmo-nos bem e sentirmos que fazemos alguém sentir-se bem... E, quem sabe, até permitir-lhe despontar um qualquer brilhozinho nos olhos! Para depois me enternecer com ele.

Oh incrível paradoxo, começo a achar que o egoísmo é um pecado bem mais fácil de cometer quando se tem um cúmplice!

O meu fim de semana também passou a correr... Apesar de ter podido correr para o mar o que, por breves momentos, pontilhou de eternidade o meu fugaz fim de semana.

Não fosse a tua intrometida constipação e talvez nos tivessemos cruzado a correr frente a um mar desses que por aí há... Ou quiçá tivessemos corrido lado a lado...

Um computador novo é sempre uma boa novidade, especialmente quando nos permite comunicar mais... E quando nos permite experimentar o doce sabor da esperança... Não achas?

Sim, talvez agora possamos falar um pouco mais...Mas ajuda-me: de que gostas de falar?

Há surpresas e surpresas

Ela, a 07/05/2007 15:55:

Surpreende-me o modo como escreves. :)

Não sei se consigo surpreender, mas gosto de achar que sim.

Normalmente o surpreendermos as pessoas advêm de gestos ou atitudes espontâneas que tomamos. São actos em que não pensamos muito.

Este fim de semana passou a correr para mim. Gostava de ter ido ver o mar. Estou com uma constipação terrível, e nem descansei o suficiente. Mas a novidade boa é que já comprei um computador lá para casa.

Se calhar agora vamos falar mais.

Há um segredo

Ele, a 07/05/2007 11:56:

Ahh... o sol e o mar! O sol a entrar pela janela quando acordas... partilho da mesma felicidade, daí que durma sempre com a persiana aberta: acordar com luz natural é um privilégio.

O mar também me faz feliz: relaxa-me acima de tudo (mas não só o mar), especialmente quando é necessário arejar. Sabes,ontem fui ver o mar...

Abracinhos parecem-me bem: haverá algo mais reconfortante e ternurento? Talvez... mas os abracinhos estão muito bem cotados!

Acho interessante o brilhozinho nos olhos que dançar salsa te provoca... Poderei um dia aspirar também eu experimentar esse brilhozinho?

Interessantes as tuas respostas... já agora... O que te surpreende?E tu... consegues surpreender?

Re: Re: Re: Re: Re: Re: Há um segredo...

Ela, a 05/05/2007 19:16:

Coisas grandes, e pormenores também.

Dançar salsa faz-me sorrir e ficar com um brilhozinho nos olhos.
Acordar com o sol a entrar pela janela faz-me feliz. Ver o mar também.

Ser surpreendida deixa-me alegre. Deixa-me contente.

Abracinhos deixam-me feliz.

Re: Re: Re: Re: Re: Há um segredo

Ele, a 04/05/2007 18:19:

Não vejo... E por essa via não posso valorizar... mas posso imaginar... E sentir com o pouco que me é dado!
Mas... O que te faz andar nas nuvens alegre e feliz? O que te põe esse brilhozinho nos olhos? (adoro brilhozinhos nos olhos, enternecem-me)

Coisas grandes... pequenos promenores?

É segredo?

Re: Re: Re: Re: Há um segredo...

Ela, a 04/05/2007 12:18:

O que vale mais a pena conhecer em mim? Talvez a minha boa disposição, a minha dedicação para com as pessoas de quem gosto, bem como para os meus variados projectos.
O meu ar de miúda. O meu sorriso. O brilhozinho nos olhos quando ando nas nuvens, alegre e feliz.
Resumindo, muito pode ser valorizado em mim, mas depende sempre dos olhos de quem vê.

Re: Re: Re: Há um segredo...

Ele, a 03/05/2007 20:17:

Bem... pelas tuas mensagens começo a achar que és uma pessoa que vale a pena conhecer melhor!
Quanto a mim... o tempo o dirá!

O que achas que vale mais a pena conhecer em ti?

Re: Re: Há um segredo...

Ela, a 03/05/2007 17:16:

Será que és uma pessoa que vale a pena conhecer melhor?

Re: Re: Re: Re: Há um segredo...

Ele, a 03/05/2007 12:24:

Sem dúvida que sim... poderei eu mostrar-te o meu sorriso através de um meio mais privado... é que sou muito reservado
;)
Pode ser que me encontres a sorrir! Vale a pena tentar.

Re: Re: Re: Há um segredo...

Ela, a 03/05/2007 11:32:

Talvez o teu sorriso valha a pena ser visto. Talvez o mundo não acabe amanhã, e hoje possamos encontrar alguém a quem sorrir.

Re: Re: Há um segredo...

Ele, a 02/05/2007 14:29:

Hummm... parece-me bem... E o que faz valer a pena?

Re: Há um segredo...

Ela, a 02/05/2007 01:02:

Quando vale a pena deixa de haver segredos.

Há um segredo...

Ele, a 01/05/2007 21:14 :

Haverá um segredo... ou serás acessível?