Friday, November 11, 2005

convulsões

tens segurado a lamparina que alumia o meu caminho com um trejeito malévolo... quão tortuoso é o percurso quando insistes em irritar-me constantemente sonegando-me a luz!

conheces e exploras as minhas fraquezas ou apenas se tratam de inocentes e fortuitas coincidências?

começo a duvidar se és para mim salvação ou perdição. estou convicto de que o fazes propositadamente para me pôr à prova... ou então é um oculto e vil sadismo bárbaro... no limiar da sedução.

ah, se ao menos tivesse a minha própria lamparina! acariciaria com dedos convulsos teus sonhos frementes... tuas honras tenazes... correndo contigo até ao abismo que se nos abre.

Tuesday, November 08, 2005

i am the rain


I am the rain
Falling down to cover you
Wish me away
But I'm here for your own good
I am the storm
Sent to wake you from your dream
Show me your scorn
But you'll thank me in the end

assemblage23

vi-te o rosto e agora sei...

Vi-te o rosto e agora sei...
Vi o que mais ninguém pôde enxergar,
A ténue fortaleza que teima em permanecer à beira do precipício...
A paz de espírito que engana a serenidade, feita de um pranto de nunca mais acabar...

Se ao menos o coração fosse tão sentido quanto os olhos...
Se ao menos o mar das coisas felizes te banhasse sempre,
Poderias esquecer por um momento o choro longínquo da criança
Num rastro de silêncio e de calma onde estala a finura do ar.

As coisas desaparecem todas e nada segura as estrelas
Ressentes-te disso, e das sombras da manhã vividas intensamente a cada novo dia
Enquanto te vais deixando lentamente adormecer, relembrando nostalgicamentecanções de laranjas, com meninos de mãos dadas a colher vento.

Anime-te a ideia de que também os anjos choram
e o tempo que é cego se sente perdido,
que tudo em ti é fantasia suada
e enlevo apetecido.

Por momentos vi teu rosto na penumbra
teus olhos mil, de meigo quebranto
teu coração grande, embora ferido,
e aquilo que escondes ser teu amargo travo...

Teus frágeis segredos são de veludo,
Quimeras recalcadas em busca de escape,
Febris cores que as lágrimas tentaram desbotar
E vulcões que encenam a erupção.

Em fugazes visões que se seguem a Berio,
Sussuram-te ao longe um leve conforto:

Anime-te a ideia de que também os anjos choram
e o tempo que é cego se sente perdido,
que tudo em ti é fantasia suada
e enlevo apetecido.

Vi-te o rosto e agora sei.

NB

abrigo

preciso desesperadamente de um abrigo... há muito tempo que não era acometido desta fraqueza. talvez a espuma dos dias que hoje tão intensamente se faz sentir em mim seja a origem desta vã inquietação... não há como lutar com moinhos de vento!