Vi-te o rosto e agora sei...
Vi o que mais ninguém pôde enxergar,
A ténue fortaleza que teima em permanecer à beira do precipício...
A paz de espírito que engana a serenidade, feita de um pranto de nunca mais acabar...
Se ao menos o coração fosse tão sentido quanto os olhos...
Se ao menos o mar das coisas felizes te banhasse sempre,
Poderias esquecer por um momento o choro longínquo da criança
Num rastro de silêncio e de calma onde estala a finura do ar.
As coisas desaparecem todas e nada segura as estrelas
Ressentes-te disso, e das sombras da manhã vividas intensamente a cada novo dia
Enquanto te vais deixando lentamente adormecer, relembrando nostalgicamentecanções de laranjas, com meninos de mãos dadas a colher vento.
Anime-te a ideia de que também os anjos choram
e o tempo que é cego se sente perdido,
que tudo em ti é fantasia suada
e enlevo apetecido.
Por momentos vi teu rosto na penumbra
teus olhos mil, de meigo quebranto
teu coração grande, embora ferido,
e aquilo que escondes ser teu amargo travo...
Teus frágeis segredos são de veludo,
Quimeras recalcadas em busca de escape,
Febris cores que as lágrimas tentaram desbotar
E vulcões que encenam a erupção.
Em fugazes visões que se seguem a Berio,
Sussuram-te ao longe um leve conforto:
Anime-te a ideia de que também os anjos choram
e o tempo que é cego se sente perdido,
que tudo em ti é fantasia suada
e enlevo apetecido.
Vi-te o rosto e agora sei.
NB
Tuesday, November 08, 2005
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