Wednesday, December 29, 2010

Composição

Perdi-me em ti e deixei de ser só quando em ti me imolei
Num ápice enquanto a minha pele cedia, a minha existência estremecia e crepitava impaciente
Encontrava por fim o que há tanto me escapava oculto na lisura do teu ventre franco, dos teus lábios impetuosos
E no cintilar de um olhar que amansa.

Tuas carícias de tão sonhadas têm todos os sabores, só não sabem a novidade
O teu toque é tão só uma confirmação de tantos afagos diferidos,
Tantas foram as vezes que me tocaste num passado que foi tão longo
Em incontáveis sonhos nos quais eras minha.

São arrebatadoramente densas as utopias que vivo quando o meu calor encontra o teu
É tanta a eternidade e o que demais é grande quando tudo por fim se materializa
Em mares de carícias reluzentes trocadas na penumbra de um dia que os calendários insistiam não admitir,
Numa noite que o sol por tantos anos teimou não consentir.

E agora a certeza do tanto e quanto é grande o infinito que já permitimos irmo-nos
Com a certeza de que éramos nós que tínhamos que ser
Numa simples complexidade que tanto tememos desmontar
Zelando pela beleza de uma floresta virgem tão harmoniosa se intocada.

Wednesday, June 02, 2010

Thursday, April 08, 2010

Poema Ameríndio

Mulher morena,
morena,
manjar delicado, sorriso
da água,
teu peito não sabe
de mágoas,
teus olhos não sabem
de lágrimas.


Porque és a mulher mais morena,
a mais bela,
a minha rainha,
deixo a água do amor
arrastar-me na corrente,
deixo a paixão, a tormenta,
levaram-me até ao manto
que te cinge os ombros
e a saia revôlta
que abraça os teus músculos.


Quando é dia, já não pode
chegar outra noite;
abandona-me o sono
e a aurora não chega.


Tu, minha rainha,
ó senhora minha,
já não quererás
pensar em mim quando
o leão e o lobo
venham devorar-me
no cárcere fundo
cá onde me encontro,
nem quando saibas
que estou condenado
a não ver mais mundo,
ó senhora minha,
tu, minha rainha?


Poemas Ameríndios - Helberto Hélder

Wednesday, March 17, 2010

Queria escrever-te um poema



Sabes... Queria escrever-te um poema...
Pôr em palavras tudo o que de grande sinto por ti...
Explicar a forma como me fazes estremecer.
Descrever toda a ternura e carinho que inspiras em mim.

Mas ponho-me a escrever e não há palavras bastantes...
É tudo tão mais que apenas palavras...
E fico-me por aquela simples palavra que tento dizer-te todos os dias e que representa mais que tudo...

Wednesday, March 10, 2010

Privilégio



Ter o teu corpo em minhas mãos sob este sol estonteante é um sonho feito realidade que me faz rodopiar. Não há palavras para descrever o que tal visão me faz sentir e nem sei onde posso ir buscar forças para me conter. És fantástica!

Wednesday, March 03, 2010

VNV Nation - Beloved



Já devo ter posto esta música aqui, mas ocorreu-me colocá-la de novo.

Monday, March 01, 2010

É assim que te quero amor



É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

Não tenhas medo do amor



Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosário Pedreira

Thursday, February 18, 2010

Pedido



Nada saberia melhor nesta manhã fria.

Friday, February 12, 2010

Desejo



Bem sei que não está a ser um dia nada fácil e que nem me queres ouvir. Mas não posso deixar de desejar-te muito boa sorte, na esperança de que consigas superar este desafio. E eu sei que desta vez vais ser capaz. Força com isso! Estou a torcer por ti!

Thursday, February 11, 2010

Micro-ondas



Já não falta tudo...

Wednesday, February 10, 2010

Nos teus olhos



São plenos de eternidade todos os momentos que passo contigo.

Tentas por diversas artimanhas disfarçar a tua meiguez, mas é tanta que não dá para esconder. E é ao sentir o teu olhar como tenho sentido nos últimos dias que me sinto inebriado de uma forma que antes de te conhecer julgava impossível.

Já te disse hoje que...

Thursday, February 04, 2010

Na tua voz

A tua voz meiga pela manhã faz-me estremecer, faz-me sempre reforçar o imenso que em mim despertas. O som da tua ternura em meus ouvidos é uma carícia que não tem comparação. Essa voz que fala comigo a sorrir tem o efeito de 1000 poções mágicas e faz-me lembrar o quanto te adoro.

Tuesday, February 02, 2010

Despertar



Faz-me falta teu calor no meu regaço, o som do teu respirar junto aos meus ouvidos enquanto dormes.
Falta-me o acordar contigo a meu lado, a possibilidade de te envolver pela madrugada e o teu sorriso ensonado e carinhoso pela manhã.
Já te disse hoje que tenho saudades tuas?

Friday, January 29, 2010

Para ti


Tu mereces... Hoje tens mais um desafio que leva ao prémio.

Thursday, January 28, 2010

Invierno en mi corazón



"Es invierno en mi corazón,
cuando tu no estas,
un frio intenso lo cubre todo,
cuando tus ojos no estan para mirarme.
Nacimiento de un amor profundo,
de deseos incontrolables,
de reflejos celestiales,
de entendimiento mutuo.
Mi admiración,
oh mi Hipatia,
dueña de mi corazón,
poseedora de mi alma.
Primavera de mis ilusiones,
Verano de mis deseos,
Otoño de mis ansias,
Invierno de mis dudas. "
Anibal Minotaur

Wednesday, January 27, 2010

É aqui que estamos.


E vocês aí, nada de ter inveja: a inveja é um pecado mortal.

Tuesday, January 26, 2010

Que saudades


Só o amor



Só o amor sabe abrir os braços com beleza.
Lenço da cabeça as voltas que tu dás.
O riso é concertina abrindo de surpresa
nas minhas mãos morenas de rapaz.

Que dizem os teus olhos que não fogem não?
Que veja as tuas águas secretas agitadas
o rio que te corre sob um sol de verão
onde o meu sonho nada em atléticas braçadas?

Quando falas são outras as palavras novas
melodia afagando a pele dos meus sentidos.
E se calas fitando é porque aprovas
meus olhos queimando a orla dos vestidos.

António Borges Coelho

Saturday, January 23, 2010

Jogo Endiabrado - Chris Isaak

Um clássico sempre actual...


The world was on fire
No one could save me but you.
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd meet somebody like you
And I never dreamed that I'd lose somebody like you

No, I don't want to fall in love
[This love is only gonna break your heart]
No, I don't want to fall in love
[This love is only gonna break your heart]
With you
With you

What a wicked game you play
To make me feel this way
What a wicked thing to do
To let me dream of you
What a wicked thing to say
You never felt this way
What a wicked thing to do
To make me dream of you
And I don't wanna fall in love
[This love is only gonna break your heart]
And I don't want to fall in love
[This love is only gonna break your heart]

World was on fire
No one could save me but you
Strange what desire will make foolish people do
I never dreamed that I'd love somebody like you
I never dreamed that I'd lose somebody like you

No I don't wanna fall in love
[This love is only gonna break your heart]
No I don't wanna fall in love
[This love is only gonna break your heart]
With you
With you

Wednesday, January 20, 2010

Desejos



Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo -
Sonhando estrelas, trantornada,
Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...

Ah! que as tuas nostalgias, fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lanjoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...

Teus beijos, queria-os de Tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos de seda...

- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...

Mário de Sá Carneiro

Monday, January 18, 2010

Entrega



Nunca é demais elogiar-te, dizer-te o quanto és importante para mim. E contudo fico sempre com aquele sabor agridoce de saber que as palavras são curtas para dizer tudo o que gostaria de dizer-te, de permitir-te conhecer tudo aquilo que vai aqui por dentro...

Boa sorte para os desafios que estás a enfrentar... Já falta pouco. E depois... O merecido prémio!

Saturday, January 16, 2010

Páginas do livro do desassossego

Continuo a ser a personagem principal do livro do desassossego no qual me vou enredando cada vez mais. No nosso livro sonho cada vez mais contigo, com o teu olhar meigo e o teu toque suave… Com corridas de mãos dadas em vastos prados verdes pintados de flores pela primavera.

São raros os dias em que não há sonhos… Em que desperto aturdido por pesadelos que me desequilibram. Mas todas as outras páginas do livro me fazem sonhar porque sei que te adoro mais que tudo e isso é extraordinário.

Eu também trocava tudo por um teu...



Eu não sei bem quem tu és
Sei que gosto dos teus pés
Do teu olhar atrevido

Tu baralhas-me a razão
Invades-me o coração
E eu ando um pouco perdido

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

Adivinha onde eu cheguei
Desde o tempo em que roubei a tua privacidade
Fiz de ti lírio quebrado
Fera de gesto acossado, vendi a tua ansiedade

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

E agora que estamos sós, vamos ser apenas nós
Dar a volta ao argumento
Vamos fugir em segredo
Sumir por entre o enredo, soltar o cabelo ao vento

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro de mundo

Jorge Palma

Thursday, January 07, 2010

"No fundo de cada alma há tesouros escondidos que somente o amor permite descobrir..."



Continuas no teu jogo do apanha, num toca e foge constante e sabes que isso me enfurece ao mesmo tempo que me deixa louco. Sabes que a tua hiperactividade não me deixa sossegar. Na noite do tremer de pernas e dos enjoos posso ter assinado o livro do desasossego, mas os momentos sossegados que já vivemos compensam tudo. Sei que é a distância que te faz fugidia... E sei que na proximidade és de um companheirismo e de uma doçura terna e incomensurável, e é assim que tu na realidade és.
Continuas a provocar-me, a tentar confundir-me, a testar-me até ao limite... Mas eu continuo a adorar-te. Muito mais do que no primeiro dia, muito mais que na primeira noite!

Saturday, January 02, 2010

Passagem de ano



Foi talvez a passagem de ano mais calma e feliz dos últimos anos.
De nada servem planos complexos e grandes confusões.
Bastou ter a meu lado a melhor das companhias, simplicidade e boa disposição.


Foram 2 dias muito, mas mesmo muito, bem passados.
Regressei a casa com um sorriso de orelha a orelha. E com a certeza de que os dias e noites que passo com a minha bela e "hiperactiva" pestinha são mais tranquilos e relaxantes que tudo. E acho que para ela também.

Obrigado pestinha! Será que já te disse hoje que...

Tuesday, December 29, 2009

O Silêncio




Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade

Friday, December 25, 2009

poesia ouvida

De volta está a poesia ouvida, desta feita com António Franco Alexandre.
Procurarei voltar a ser regular: uma poesia por semana.

Ouvir aqui.

Tuesday, December 22, 2009

parábola



Havia na casa de banho da minha avó uma torneira de banheira que se apaixonou. O alvo do seu amor era uma simples torneira de bidé, a quem a ideia de despertar o interesse da torneira da banheira causava tal entusiasmo que, por vezes, até entupia.

Numa primaveril manhã, iniciaram o namoro; conversavam e olhavam-se, por vezes suspiravam ruidosamente; mas nada mais poderiam ambicionar (fazer amor, por exemplo), pois, como se sabe, as torneiras estão fixas às paredes. E isso entristecia-as um pouco, arrefecia os ânimos amorosos, alimentava fantasias.

Até que, certo dia, houve um tremor de terra; a casa foi destruída e abandonada. Mas no meio dos escombros, as torneiras, finalmente juntas (miraculosamente juntas), concretizavam por fim o seu amor. E, claro: foram felizes para sempre.

Paulo Kellerman

Thursday, December 17, 2009

quando te vi senti um puro tremor de primavera



Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume

No meu sangue vogavam levemente
anénomas estrelas barcarolas

O silêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas

Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda

Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo

E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo

Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol

António Ramos Rosa

Wednesday, December 16, 2009

as palavras aproximam



As palavras aproximam:
prendem-soltam
são montanhas de espuma
que se faz-desfaz
na areia da fala

Soltam freios
abrem clareiras no medo
fazem pausa na aflição

Ou então não:
matam
afogam
separam definitivamente

Amando muito muito
ficamos sem palavras

Ana Hatherly

Tuesday, December 15, 2009