Tuesday, August 21, 2007

são as asas que ainda guardo

Podemos até fingir que nos confundimos,
Supor que nos enfastiámos.
Murmurar estranhas contradições...
Descer mudos da montanha enquanto baixas teus olhos.

Posso até esgueirar-me para longe,
Fazer-te esquecer tudo quanto precisávamos de saber.
Posso até procurar outras casas onde me perder,
Embrenhando-me em corredores que ninguém conhece.

Posso ousar tecer silêncios,
Respirar só com a água da chuva...
Ferir a solidez das pedras, ousando unir o mar.
Caminhar por dentro, respirando para além de nós.

E até teimar perder-te...
Rastejar pelo ruído dos dias
Negando que são duas as vezes que é preciso amar.
Permitir que o coração de novo se encha de formigas...

Posso desmentir esta passagem...
Bastando-me saber que inebrias com uma qualquer aragem um qualquer destino,
Mas perduram-me pressentimentos, a certeza de ti
E tudo o que é estranho quando sinto a tua falta.

Dos tempos em que fui pássaro
São as asas que ainda guardo...


.nlb
20.VIII.2007
20 de Agosto de 2007

1 comment:

Filomena Conceição said...

David Mourão ficaria orgulhoso deste teu poema