Tuesday, August 21, 2007

trago o teu olhar comigo

Trago o teu olhar comigo,
Enquanto embevecido vou descobrindo cada secreto murmúrio do teu mistério.
Encetámos uma secreta viagem pelos séculos que quase não cabem em noites,
Onde anseio pintar de sonhos cada um dos lugares da tua eternidade.

Mas eis que por fim te vês perecer para finalmente renascer.
Deixas de saber as tuas velhas memórias e permites-te inundar de firmamento,
Transfiguras-te, deixando-te enredar num esplendoroso aluvião de coisas imortais.

Caíste no extasiante vício das insónias em que se aposta tudo...
Em que te deixas acariciar pela rebelião interior que teima em assaltar-te, fingindo não a ouvir.
O que mais receaste vai-se adensando enquanto pestanejas tentando ver mais claro...
Não o sabes, mas as soberanas ondas da ventura conspiram a teu favor.

Uma ditosa e obscena brisa fresca pode ter-te aquecido,
Naqueles recortados promontórios de mágicos cruzamentos de onde observavas o mar das coisas felizes.
Sentindo-as tão longe, não o sabendo tão perto...

Tantas são as evidências de que foi a ti que eu procurei e desejei para meu templo,
Para meu caminho com escala em todos os infindáveis actos de significado.
Tão emergente é a convicção de que foi para ti que sonhei ser fonte de vida,
Por ti quis aprender como ser esperança.

E esta noite, quando nos deixarmos banhar pelas Perseidas que nos visitarão,
Sentirei uma vez mais que nos embrenhámos num labirinto feito de flores de sonhos...
Estarás lá comigo?


.nlb
12.VIII.2007

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