Perdi-me em ti e deixei de ser só quando em ti me imolei
Num ápice enquanto a minha pele cedia, a minha existência estremecia e crepitava impaciente
Encontrava por fim o que há tanto me escapava oculto na lisura do teu ventre franco, dos teus lábios impetuosos
E no cintilar de um olhar que amansa.
Tuas carícias de tão sonhadas têm todos os sabores, só não sabem a novidade
O teu toque é tão só uma confirmação de tantos afagos diferidos,
Tantas foram as vezes que me tocaste num passado que foi tão longo
Em incontáveis sonhos nos quais eras minha.
São arrebatadoramente densas as utopias que vivo quando o meu calor encontra o teu
É tanta a eternidade e o que demais é grande quando tudo por fim se materializa
Em mares de carícias reluzentes trocadas na penumbra de um dia que os calendários insistiam não admitir,
Numa noite que o sol por tantos anos teimou não consentir.
E agora a certeza do tanto e quanto é grande o infinito que já permitimos irmo-nos
Com a certeza de que éramos nós que tínhamos que ser
Numa simples complexidade que tanto tememos desmontar
Zelando pela beleza de uma floresta virgem tão harmoniosa se intocada.